vantagens pecuniárias. Graciliano Ramos. May 15, 1951. Substantivo. /vɐ̃ˈtaʒẽjs pekunjˈaɾjas/. Rendimentos financeiros, geralmente ínfimos, que o escritor obtém por meio da venda de seus livros. Category: Artista. Cotext: "Desviemos a atenção para negócios próximos: os direitos autorais, por exemplo, o aumento das tiragens. Isso nos preocupa, decerto. Como, porém, alcançarmos vantagens pecuniárias, embora miúdas? [...] [...] Como obter isso? Instituam-se prêmios, aconselham-nos, façam-se conferências. Bem. Conferências. Ouvindo-as desatentos, raros sujeitos bocejam e cochilam nas barbas do orador. E os prêmios, em geral, não nos apresentam valores. Aliás não há meio de forçar o comprador a aceitar a decisão de um júri. E estamos diante de uma simples questão de oferta e procura. A respeito disso os dirigentes da ABDE gostariam de lançar aqui um programa, bom para ser repetido o ano vindouro, com pequenas variantes. Seriam capazes de efetivar as promessas? Poderiam criar artificialmente um mercado? Os nossos livros são mercadorias. Esprememos o cérebro com desespero, ganhamos corcunda, palidez, cabelos brancos, temos as vísceras em cacos — e somos fabricantes de poesia, de novelas. O freguês enjoado nos folheia torcendo o nariz, olha-nos o interior, deixa-nos, como se, na sapataria, notasse pregos dentro de um sapato. Juramos não haver pregos nas nossas infelizes páginas. Mas como levar aos outros esta convicção? Afinal reconhecemos com tristeza: somos deficientes, não expomos artigo de boa qualidade. Indispensável aperfeiçoar-nos. De que modo, se exercemos três, quatro ofícios? Somos diletantes. E rodamos num círculo vicioso: a produção é falha por falta de venda, e existe venda escassa por ser defeituosa a produção. Isto se aplica a todos os escritores indígenas, presumo. São advogados, engenheiros, professores, médicos, funcionários públicos — e às vezes escrevem. Assim ou assado, quebramos a cabeça perguntando se é exequível qualquer melhora nas condições dos literatos. Perdemos o sono a remoer isso. E se nada conseguirmos, a culpa não será nossa. Como veem, senhores, não estamos alegres — é um contrassenso dizerem que formamos um clube recreativo.". Reference: Ramos, G. Garranchos. Rio de Janeiro: Record, 1984. 378p. p. 316-317.