técnica. Graciliano Ramos. Feb, 1952. Substantivo. /ˈtɛknikɐ/. 1. A contraparte da inspiração ou espontaneidade na criação literária. 2. Domínio consciente de recursos formais e procedimentos construtivos na criação literária, que, longe de sufocar o talento, potencializam a expressão criativa e garantem clareza, consistência e qualidade estética à obra. Category: Obra. Cotext: "Ouvi, com espanto, um escritor afirmar que, em literatura e noutras coisas, era necessário suprimir a técnica. Não nos disse porquê: referiu-se apenas à necessidade. Essa economia de razões levou-me a impugná-lo do mesmo jeito: declarei, simplesmente, o contrário do que ele declarou. E o caso morreu, sem perda nem ganho para o auditório. Ali por volta de 1935 realizou-se em Moscou uma enquête sobre a literatura soviética. Lembro-me da resposta de Romain Rolland. Havia nela uma frase de arrojo: “A arte é uma técnica” — o avesso do que ainda neste país asseveram, reproduzindo conceitos em moda entre 1922 e 1930. Com certeza o romancista exagerou: se a definição dele fosse justa, qualquer pessoa alcançaria bom êxito folheando um desses manuais que nos ensinam, em duzentas páginas, a maneira favorável de escrever. Isso não basta, suponho. Em conversa, um crítico português jogou-me esta fórmula: dez por cento de inspiração e noventa por cento de transpiração. Chega-me também à memória a receita do espanhol a propósito de versos: maiúscula no princípio, rima no fim, talento no meio. Mas pergunto a mim mesmo se a busca da rima não influirá no talento, se a transpiração demasiada não será vantajosa à inspiração. [...]". Reference: Ramos, G. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1984. 306p. p. 274-275.