sopro de poesia. Graciliano Ramos. Apr 19, 1905. Substantivo. /ˈsopɾu dʒi poeˈziɐ/. Capacidade do escritor de revestir a miséria e o vício do mundo real de dimensão estética, tornando atraente, para o leitor, imagens que na realidade seriam-lhe desagradáveis ou até repulsivas. Category: Linguagem poética. Cotext: "Os mestiços de Jorge Amado não são bons nem maus, ou antes são as duas coisas ao mesmo tempo — e por isso confundem-se com os brasileiros de carne e osso, que são assim mesmo, bebem e jogam, vão à sessão espírita, acreditam em sonhos, conversam putaria e desejam que falem deles nas folhas. É verdade que os nossos amigos do morro do Capa Negro, do cais, da ladeira do Pelourinho ainda não chegaram ao espiritismo e à literatura das revistas, mas aproximam-se disso: amam as macumbas e desejam ser adulados por poetas bisonhos, em folhetos de capa vistosa, que se vendem por um níquel nas feiras. A miséria aqui não nos aparece de punhos cerrados e rangendo dentes: encolhe-se com doçura, espera que as coisas melhorem e acabem por arranjar-se, confia no feitiço, na sorte, na proteção de divindades bárbaras e terríveis. Um sopro de poesia varre todas as imundices, perfuma esse monturo social.". Reference: Ramos, G. Garranchos. Rio de Janeiro: Record, 1984. 378p. p. 155-156.