referir miudezas e misérias. Graciliano Ramos. May 15, 1951. Fraseologismo. /ʁefeˈʁiʁ mjuˈdezɐz i miˈzɛɾjɐs/. Obrigação moral do escritor realista de ser fiel à realidade social que o cerca. Category: Artista. Cotext: "Certas acusações, diretas e indiretas, a livros nossos têm por motivo sermos tristes, encararmos a parte má da vida. Mas a parte boa está longe, e se não conseguimos observá-la, não chegaremos a trazê-la para os nossos escritos. Pessoas levianas se esforçam por imaginar coisas agradáveis — e pintam lugares nunca percorridos, criaturas diferentes de nós ou se abrigam no céu antes do tempo. Alguém xingou desastradamente a arte — sorriso da sociedade. O otimismo falaz nos indigna: seria tolice andarmos sorrindo à toa. Se descrevêssemos a glória, a nobreza, a renúncia, o altruísmo, faríamos trabalho cômodo, ao gosto do fornecedor e do senhorio, personagens que de ordinário não nos sorriem. Por que iríamos oferecer-lhes amabilidades, cantar loas, mentir? Cerca-nos um pequeno mundo contraditório, a desgraçar-se — e o nosso dever, parece-me, é referir miudezas e misérias, chagas e farrapos de almas, estudados, sentidos. E o vasto mundo, lá fora, também não nos predispõe ao ócio contente. [...]". Reference: Ramos, G. Garranchos. Rio de Janeiro: Record, 1984. 378p. p. 315-316.