praga machadiana. Graciliano Ramos. n.d. Substantivo. /ˈpɾaɡɐ maʃadʒiˈanɐ/. Tendência nociva, no cenário literário da década de 1930, de superestimar e aplicar de forma indiscriminada e reducionista a influência de machado de assis sobre a produção da época, resultando não só em um automatismo crítico como em certo epigonismo por parte dos artistas. Category: Crítica. Cotext: "Alguém declarou que possuíamos excelentes modelos e era desnecessário importá-los num tempo de vacas magras, quando a revolução política havia baixado o câmbio e dificultado a compra de figurinos literários. Machado de Assis, convenientemente espanado, servia bem. [...] Tanto se repetiu o nome do velho presidente da Academia, com a afirmação de que ele influía demais na produção de hoje, que o homem se tornou odioso. Se um sujeito admitia a concordância e não trocava o lugar das palavras, o jornal dizia: “Bem. Isto é Machado de Assis.” Se o camarada evitava o chavão e não amarrava três adjetivos em cada substantivo, a explicação impunha-se: “Muito seco, duro. Esqueleto. Machado de Assis.” Faltavam num livro cinquenta páginas de paisagem? “Claro. Esse homem aprendeu isso com Machado de Assis. É a história da casa sem quintal.” E quando o sr. Marques Rebêlo publicou Oscarina: “Contos? Machado de Assis. Não há outro.” Está aí. Se a mania nacionalista não houvesse aparecido, estaríamos livres da praga machadiana. Mas apareceu — e é o que se vê. Como dois críticos de valor sentiram num volume cheiro de Dom Casmurro, toda a gente supôs que não podia deixar de ser assim. [...] É admirável. Há imitadores de Machado de Assis porque escrevem contos, outros porque são funcionários públicos, têm doenças ou gramaticam demais os seus produtos.". Reference: Ramos, G. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1984. 306p. p. 109-110.