picareta modernista. Graciliano Ramos. Sep 1, 1946. Substantivo. /pikaˈɾetɐ modeʁˈnistɐ/. Efeito transformador do modernismo, que, embora tenha falhado esteticamente, contribuiu para a crítica aos problemas da literatura brasileira do final do século xix e início do século xx e a manutenção da literatura nacional realista. Category: Movimento literário. Cotext: "As novelas que apareceram no começo do século, medíocres, falsas, sumiram-se completamente. Uma delas, Canaã,3 que obteve enorme êxito, dá engulhos, é pavorosa. Dois sucessos contribuíram para dar cabo disso: o modernismo e a revolução de Outubro, que, graças à nossa infeliz tendência ao exagero, se ampliaram muito ou se negaram. Certamente não criaram o material a que se referia Prudente nem o engenho necessário ao aproveitamento dele, mas abriram caminhos, cortaram diversas amarras, exibiram coisas que não enxergávamos. Desanimados, com enjoo, líamos a retórica boba que se arrumava no congresso e nos livros. Os modernistas não construíram: usaram a picareta e espalharam o terror entre os conselheiros. Em 1930 o terreno se achava mais ou menos desobstruído. Foi aí que de vários pontos surgiram desconhecidos que se afastavam dos preceitos rudimentares da nobre arte da escrita e, embrenhando-se pela sociologia e pela economia, lançavam no mercado, em horrorosas edições provincianas, romances causadores de enxaqueca ao mais tolerante dos gramáticos. Um escândalo. As produções de sintaxe presumivelmente correta encalharam. E as barbaridades foram aceitas, lidas, relidas, multiplicadas, traduzidas e aduladas. Estavam ali pedaços do Brasil — Pilar, a ladeira do Pelourinho, Fortaleza, Aracaju.". Reference: Ramos, G. Garranchos. Rio de Janeiro: Record, 1984. 378p. p. 262-263.