paradoxo dos tostões. Graciliano Ramos. 1939. Substantivo. /paɾaˈdɔksu duz tosˈtõjs/. Falácia que desvaloriza a arte feita para subsistência, ao supor que quem escreve para viver sacrifica a técnica e produz obra inferior à de quem escreve por diletantismo. Category: Artista. Cotext: "Há uma técnica na arte, diz o sr. Mário de Andrade. Romain Rolland foi mais longe: afirmou, creio eu, que a arte é uma técnica. O moço nortista [Joel Silveira] repele semelhantes exigências. Vivemos arrasados, o numerário foge, há dívidas abundantes e falta-nos vagar para os cortes, as emendas necessárias. Não faz mal que a produção artística saia capenga. O que nos desagrada nessa questão, hoje morta, é notar que o crítico paulista, colando em alguns escritores etiquetas com preços muito elevados e rebaixando em demasia o valor de outros, vai tornar antipática a boa causa que defende, prepara terreno favorável ao paradoxo sustentado pelo sr. Joel Silveira. E teremos então uma demagogia louca. “Somos tostões, perfeitamente, um considerável número de tostões. Somem tudo isto e verão a quantia grossa que representamos.” Não há nada mais falso. [...] [...] É necessário pôr fim a essa confusão, que nos pode render muito prejuízo. Já existe por aí uma quantidade enorme de livros ruins. E o sr. Joel Silveira não é tostão, nunca foi. Escreveu um excelente artigo para demonstrar que não sabe escrever.". Reference: Ramos, G. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1984. 306p. p. 189-190.