desintegração. Graciliano Ramos. n.d. Substantivo. /dezĩteɡɾaˈsɐ̃w̃/. Processo criativo segundo o qual o escritor se separa da experiência imediata para transformá-la em matéria literária, convertendo-se também em objeto de sua própria observação. Category: Artista. Cotext: "Mas uma coisa é falar aos cabras do eito, ao moleque empregado em lançar bagaço na fornalha, outra coisa é atirar essa gente no papel, fazê-la mexer-se direito. [...] Ninguém pensará que formamos uma passagem de romance trepados num automóvel, sob nuvens de confete, ouvindo berros e toques de clarim. E estamos longe da prisão, da oficina, da caserna ao selecionar e dispor o material que esses pontos nos sugeriram. Dormimos na esteira do cárcere, familiarizamo-nos com as máquinas, volvemos à direita e à esquerda, em obediência à voz do instrutor, nos exercícios militares, fomos partículas da multidão; achamo-nos, entretanto, fora dela no ato da criação artística: nessa hora estamos sós, de pijama e chinelos, em silêncio: temos horror às campainhas, ao telefone, ao próximo. Houve uma desintegração. E até se nos ocupamos de nós mesmos, se fazemos autobiografia, desdobramo-nos, somos, por assim dizer, o nosso próprio objeto. Afinal isto sempre ocorre, pois o mundo exterior não nos surge diretamente, e, observando-o, o que em última análise fazemos é examinar-nos.". Reference: Ramos, G. Garranchos. Rio de Janeiro: Record, 1984. 378p. p. 278-279.