descrever o vulgar sem tornar-se vulgar. Graciliano Ramos. n.d. Fraseologismo. /deskɾeˈveʁ u vulˈɡaʁ sẽ toʁˈnaʁsi vulˈɡaʁ/. 1. Habilidade técnica do autor de evitar a mimetização bruta e representar personagens, temas ou ambientes considerados simples ou vulgares sem que a linguagem perca a essência artística e a complexidade estética. 2. Princípio da reprodução não literal da realidade, obtido por meio de recursos como adequações lexicais e sintáticas, elipses e estilo indireto livre. Category: Narrador. Cotext: "Certamente houve paciência e demora na composição. Descrevendo-nos uma alma simples, vulgar, que se apresenta em cartas, o autor correu o risco de tornar-se vulgar também. Escapando a isso, mostra-se um técnico. Percebe os atoleiros disfarçados que é preciso evitar e os tocos insidiosos que nos arrancam a unha em topadas funestas. Conhece perfeitamente a sua personagem, mas não se confunde em nenhuma passagem com ela. D. Iaiá é matuta, honesta, duma honestidade rigorosa e de pedra. O sr. José Carlos Borges compreende-lhe a moral e a dureza. E fixa-as em cartas que D. Iaiá faria se soubesse escrever. Se ele nos exibisse os bilhetes dessa criatura, com a sua ortografia e a sua pontuação, a história seria horrorosa. A redação não é da velha, mas parece-nos que é. A correspondência tem, portanto, verossimilhança, uma verossimilhança obtida à custa de repetições oportunas e dum vocabulário pequeno, presumivelmente o que adotam as senhoras de escassos recursos intelectuais e muita devoção. O sr. José Carlos Borges repetiu as frases indispensáveis.". Reference: Ramos, G. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1984. 306p. p. 150.