ausência de enredo. Graciliano Ramos. Nov, 1937. Substantivo. /awˈzẽsjɐ dʒi ẽˈʁedu/. Estrutura narrativa de progressão não causal, que se afasta da construção tradicional de uma trama linear e coesa, baseada em um conflito principal e sua resolução, para apresentar uma sucessão de dramas individuais que se conectam mais por encontros casuais ou por compartilharem um mesmo espaço, sem haver entre eles uma causalidade unificadora. Category: Enredo. Cotext: "E vamos à peça, um drama de título vago, desses que não prometem nada ao público. O rio. O cidadão fica na calçada, hesitante, um olho na sala de espera, outro na rua. Compra o bilhete, entra — e dão-lhe uma surpresa, uma peça sem enredo. Isto desorienta o consumidor e talvez desassossegue a crítica. Evidentemente o consumidor tem os seus gostos e a crítica os seus direitos. Vai a gente mexer em coisas estabelecidas? Não há, pois, um drama nesses retalhos de vidas incongruentes, relacionadas porque se encontram por acaso num lugarejo perdido à beira dum rio. Há dramas: o da mulher, o da criança, o do tuberculoso que vem da prisão, o do preto velho que bebe para esquecer a escravidão continuada depois da abolição, o do louco lúcido que às vezes se exalta e tem delírios inconvenientes. Nenhum caso importante, nenhum tipo a mostrar-se demais, enquanto outros passeiam ao fundo ou ficam parados. Cada qual tem a sua parte miúda — e é dessas misérias, dessas existências esmagadas, que se faz O rio, uma coisa estranha do teatro brasileiro.". Reference: Ramos, G. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1984. 306p. p. 168. Note: flaubert: um romance sobre o nada