apertar a mão do pseudônimo. Graciliano Ramos. Mar 11, 1940. Fraseologismo. /apeʁˈtaʁ a mɐ̃w̃ du psewˈdonimu/. Insegurança dos escritores quanto ao ofício em razão da desvalorização social da literatura, o que os leva a tecer a própria crítica laudatória. Category: Artista. Cotext: "[...] Seremos com efeito literatos? Este nome encerrava ainda há pouco um sentido prejudicial, herança provável do tempo em que arte era indício de boêmia e sujeira. Escrevemos efetivamente, mas desconfiados, no íntimo desgostosos com um gênero de trabalho que não pode ser profissão. A nossa mercadoria vai sem verniz para o mercado e não nos desperta, posta em circulação, nenhum entusiasmo. Somos diletantes. Receamos que nos discutam, que nos analisem, que nos exibam os aleijões. Se eles começarem a ser indicados, multiplicar-se-ão, ocuparão toda a obra. A referência que nos contenta é o elogio bem derramado. Não faz mal que seja idiota: precisamos vê-lo, repeti-lo, convencer-nos de que realizamos qualquer coisa notável. Trabalhamos um pouco à toa, e o pensamento que surge no café e briga às vezes com outros pensamentos acha meio de estabelecer-se: em falta de argumentos, é defendido com gritos. Esses gritos são impossíveis na carta, onde as incongruências avultam. Gostamos de falar, discutir — e opiniões antagônicas já têm rolado no chão, atracadas, resistindo a murros. Somos bastante expansivos, mas a expansão só se manifesta cara a cara. Separados arrefecemos, murchamos. Para que nos gastarmos em correspondência que nos roubaria grande parte do tempo? Desejamos ler sobre nós o que julgamos conveniente. Podemos até redigir nós mesmos os louvores, celebrar-nos com exagero. Há quem faça isto à força de imaginação, enganar-se, acreditar no panegírico, chegar quase a apertar a mão do pseudônimo.". Reference: Ramos, G. Garranchos. Rio de Janeiro: Record, 1984. 378p. p. 187.